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Fisiologia do metabolismo ósseo                                                                                                                                                                                                                                                           Matheus Bérgamo e Michelle Susin

         Dentro da fisiologia óssea, existem células denominada osteoblastos, que são responsáveis pela formação e deposição de minerais, principalmente cálcio e fosfato proveniente da alimentação, na matriz desse tecido. Por outro lado, os osteoclastos tem como função remover os minerais da matriz óssea e deixá-los livres na corrente sanguínea. Portanto, o tecido ósseo encontra-se em equilíbrio entre deposição ou liberação de minerais dos ossos e é controlado pela vitamina D, pela calcitonina e pelo paratormônio.

A vitamina D é um hormônio produzido pela pele através da exposição solar, e junto a calcitonina produzida e liberada pelo tireoide, estimulam a atividade dos osteoblastos, ou seja, deposição de minerais na matriz óssea. Já o paratormônio, produzido e liberado pelas paratireoides, promove a atividade dos osteoclastos – retirando os minerais da matriz óssea para serem levados a corrente sanguínea.

Qual a relação do metabolismo ósseos com os hormônios sexuais?
                                                                                                                        Matheus Bérgamo e Michelle Susin

       Apesar de o metabolismo ósseo apresentar um eixo de regulação próprio, ele também sofre influência de outros hormônios, dentre eles a testosterona e o estrógeno, como mostrado na Figura 1. Isso é visto com clareza principalmente após a puberdade, pois até esse momento a matriz óssea está em formação e atinge seu pico de densidade mineral. Após essa fase, a tendência é que ocorra uma desmineralização gradativa com o avançar da idade, e a testosterona, nesse contexto, mostra-se um fator de proteção dessa perda, fazendo com que a desmineralização ocorra mais lentamente, principalmente, através da inibição das atividades dos osteoclastos e da ação positiva sobre a atividade dos osteoblastos. Isso se dá devido aos osteoblastos e osteoclastos apresentarem o Receptor Andrógeno (colocar hyperlink), que exerce funções diferentes em cada dessas células frente a testosterona, no sentido de preservar a matriz óssea. Por outro lado, o estrógeno, quando se liga em receptores presentes nos osteoclastos, torna

a célula mais ativa, o que promove a maior retirada dos minerais da matriz óssea. Dessa forma, a concentração dos hormônios sexuais masculinos e femininos controla o balanço do conteúdo mineral da matriz óssea.

       A perspectiva é que futuros estudos analisem a vascularização testicular dos pacientes portadores da Síndrome de Klinefelter em diferentes fases da vida, para determinar quando as alterações vasculares se iniciam, e consequentemente identificar o melhor momento para realizar: a microdissecção testicular (TESE) - processo para congelar espermatozoides e futuramente fazer fertilização in vitro, testes diagnósticos e outras intervenções.

Figura 70.png

Figura 1. Interação das células ósseas com a concentração dos hormônios sexuais. A esquerda os osteoblastos, que promovem a deposição de minerais com cálcio e fosfato na matriz óssea. A direita, os osteoclastos, que são responsáveis pela retirada desses minerais da matriz óssea para a corrente sanguínea. Na parte inferior da figura, uma analogia com uma balança é usada para comparar o predomínio da atividade da testosterona ou do estrogênio com a deposição ou retirada de minerais.

Por que os portadores da síndrome de Klinefelter podem desenvolver osteoporose?
                                                                                                                 Matheus Bérgamo e Michelle Susin

      Pacientes portadores de síndrome de Klinefelter apresentam um alto risco e desenvolvimento de osteopenia e osteoporose, que significam a perda da densidade mineral óssea e ao surgimento de poros (vazios) na massa óssea, respectivamente; além de desenvolver fraturas decorrentes dessas morbidades.

       A desmineralização óssea e a redução da densidade mineral óssea precoce nos portadores da SK podem ser explicadas por diferentes vias. Uma delas, é a relação testosterona/estrógeno dessa população, que se encontra alterada. Isto é, os níveis de testosterona na corrente sanguínea encontram-se abaixo do esperado, enquanto que os níveis de estrógeno estão aumentados, e essa variação acaba favorecendo a atividade do estrógeno na matriz óssea. Esse fato é explicado pela presença/ausência de osteocalcina no tecido ósseos. A osteocalcina é uma molécula produzida pelos osteoblastos em resposta a presença de testosterona e que tem a capacidade de estimular a produção de testosterona pelas celulas de Leydig no testículo. Na falta da testosterona, os osteoblastos irão produzir menos osteocalcina, reduzindo ainda mais a produção de testosterona.

     Outra questão que pode contribuir para osteopenia e osteoporose nos portadores da SK é o polimorfismo do receptor andrógeno, que torna as células ósseas menos sensíveis a testosterona mesmo em pessoas com níveis normais desse hormônio, mas que é muito mais explicito nos portadores da síndrome, que já apresentam baixa concentração e atividade da testosterona. Tendo em vista a soma desses fatores, a prevalência de osteopenia e osteoporose na população de portadores de SK é mais alta e deve ser investigada com auxílio médico.

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