top of page

O que é o sistema endócrino?
                                                                                                                          Ana Paula Lechetta e Michelle Susin

          O sistema endócrino tem como função coordenar e integrar a atividade das células em nosso corpo, por meio da regulação da ação das funções celulares, a fim de manter a homeostasia. Define-se homeostase como o processo de autorregulação promovida por mecanismos do corpo humano para a manutenção da sua estabilidade, de acordo com as mudanças nas condições do meio externo. 

         Dentre as principais funções do sistema endócrino, estão: (1) regulação do equilíbrio de sódio, água, volume sanguíneo e pressão arterial; (2) regulação do equilíbrio do cálcio e do fosfato, substâncias necessárias para a comunicação entre as células e demais funções delas; (3) regulação do balanço energético e controle da mobilização e utilização da energia do nosso corpo, isso assegura o suprimento das demandas metabólicas; (4) regulação da reprodução, do desenvolvimento, do crescimento e do processo de envelhecimento. Compreender a dinâmica do sistema endócrino permite o entendimento das possíveis alterações e manifestações clínicas daqueles que apresentam alteração nesse sistema, como o caso dos portadores da Síndrome de Klinefelter. 

         O sistema endócrino funciona por meio da liberação de hormônios, que são mensageiros químicos, produzidos por determinados órgãos, atuando localmente (efeito autócrino) e/ou em outros locais do corpo (efeito endócrino). O órgão/tecido-alvo é aquele que possui receptores hormonais específicos que respondem ao hormônio através da interação com essa molécula que passou a ser produzida em resposta aos diversos estímulos. 

Dentre os órgãos endócrinos presentes no organismo estão: hipotálamo; hipófise; glândula tireoide; glândulas paratireoides; glândulas suprarrenais; pâncreas; ovários e testículos (figura 1). Existem três classes gerais dos hormônios produzidos nesses órgãos:

  • Proteínas e polipeptídeos – hormônios secretados pela hipófise, pâncreas, paratireoide, entre outros. 

  • Esteroides – secretados pelo córtex da glândula adrenal (cortisol e aldosterona); pelos ovários (estrogênio e progesterona) e testículos (testosterona). 

  • Derivado do aminoácido tirosina, secretados pela tireoide e medula adrenal. 

Figura 56,1.png

Figura 1. Localização dos órgãos endócrinos e os principais hormônios que são produzidos nestes órgãos.

        Dentre os órgãos endócrinos, duas estruturas estão fortemente ligadas a regulação e produção dos hormônios do corpo: (1) hipófise anterior e (2) hipotálamo. Elas produzem substâncias que são capazes de inibir ou estimular a secreção de hormônios produzidos em outros locais. Por esse motivo, qualquer desregulação no funcionamento nessas estruturas acarreta em importantes disfunções hormonais. Os principais hormônios produzidos pela hipófise, assim como sua função são descritos na Tabela 1. Já as substâncias secretadas pelo hipotálamo são descritas na Tabela X2, com ênfase na ação que elas produzem na hipófise anterior. 

Tabela 1: Função dos hormônios secretados pela hipófise anterior e as células correspondentes produtoras de cada hormônio.

Captura de Tela 2022-10-26 às 1.52.00 AM.png

Tabela 2: Hormônios secretados pelo hipotálamo que controlam a produção de hormônios na hipófise anterior.

Captura de Tela 2022-10-26 às 1.52.12 AM.png

Regulação da liberação dos hormônios

            Existem três mecanismos gerais que atuam como reguladores da liberação hormonal: (1) controle neuronal, no qual os órgãos recebem sinais do sistema nervoso que indicam inibição ou produção do hormônio em diferentes cenários; (2) controle hormonal, no qual um hormônio controla a liberação de outro; e (3) regulação por nutrientes ou íons, quando o hormônio é produzido ou inibido de acordo com a concentração de determinada substância no organismo. Na maioria dos casos, a liberação de determinado hormônio é determinada por mais de uma dessas vias citadas anteriormente.
           Um dos mecanismos mais utilizados como forma de regulação hormonal é o efeito de um hormônio sobre o outro. Por exemplo, a liberação do hormônio, hipoteticamente chamado de “A”, tem efeito de inibir a produção de outro hormônio hipotético chamado “B”. Essa relação é denominada feedback positivo. No caso da relação entre os hormônios “B” e “C” representa um feedback positivo (Figura 2). Por esse motivo, as alterações hormonais não afetam apenas o órgão em que a substância atua, mas também em toda uma cascata de regulação de produção de diversos hormônios. Levando a uma desordem sistêmica, como ocorre na Síndrome de Klinefelter, em que os indivíduos apresentam modificações em setores diferentes, como no sistema reprodutor e metabolismo ósseo, que serão abordados adiante. 

Figura 57.png

Figura 2: Representação da relação de feedback negativo entre dois hormônios hipotéticos “A” e “B” e feedback positivo entre dois hormônios hipotético chamados “B” e “C”.

bottom of page